ABSTRACT
Fundamentos: Permanece controverso o uso da noradrenalina(NA) no tratamento do choque séptico(CS) em idosos, pela possível vasoconstrição excessiva e consequentemente hipoperfusão tissular. Objetivo: Analisar se o emprego da NA se associa à maior mortalidade na unidade de terapia intensiva(UTI), em idosos com CS. Métodos: Coorte prospectiva de 67 pacientes com CS e idade maior que 65 anos, monitorados com cateteres na artéria pulmonar e em vaso periférico, por período de 32 meses. Todos os pacientes utilizaram suporte ventilatório, cobertura empírica com antibióticos de largo espectro e ressuscitação volêmica. Se a pressão arterial média permanecesse menor que 70 mmhg, iniciava-se 5 ug/kg/min de dopamina(até 20 ug/kg/min), substituída por 0,1 ug/kg/min de NA(até 5 ug/kg/min) e dobutamina, na falência cardíaca. Avaliou-se: o escore APACHE II, falências orgânicas(critérios de Le Gall), troponina I, tempo de permanência na UTI, sítio primário da infecção, uso de dopamina, NA e dobutamina. Na análise estatística foram utilizados os testes t de Student, o qui-quadrado, e análise de sobrevida de Kaplan-Meier, com significância de 5 por cento. Resultados: A média da idade foi de 80 anos, sendo 51 por cento do sexo feminino. A média dos escores do APACHE II foi de 19 e do tempo de permanência de 18 dias. Ocorreram 39 óbitos. A sepse pulmonar foi prevalente(70 por cento). As falências pulmonar e cardíaca ocorreram em 69 por cento e 46 por cento dos casos, respectivamente. A troponina I foi positiva em 33 por cento. Todos fizeram uso de dopamina seguida de NA(dobutamina + NA em 12 por cento). O APACHE II (p igual 0,001), o número de falências orgânicas(p igual 0,006), a dose maior que 0,5 ug/kg/min de NA(p igual 0,001), a positividade da troponina I(p igual 0,006), o tempo de uso de dopamina(p igual 0,004) e o tempo de permanência na UTI(p igual 0,001) mostraram associação com a mortalidade. O emprego de aminas, o sítio de infecção e a idade não se correlacionaram com o óbito. Não houve correlação com a presença de falência cardíaca. Conclusão: O uso de NA em doses menores ou iguais a 0,5 ug/kg/min não se associou com a mortalidade, porém a mortalidade se correlacionou com a presença de duas ou mais falências orgânicas nos idosos, com choque séptico