ABSTRACT
INTRODUÇÃO: A liberação da proteína neuronal S-100B na circulação tem sido sugerida como indicadora de dano neuronal. Foi testada a hipótese de que a S-100B é um marcador útil e custo efetivo para a triagem de pacientes com trauma craniano leve. MÉTODO: Cinqüenta pacientes consecutivos com trauma craniano isolado foram prospectivamente avaliados na sala de emergência de um Centro de Trauma brasileiro pela tomografia computadorizada de crânio e por amostras de sangue venoso, para a medida no soro da proteína S-100B utilizando um teste recentemente desenvolvido; 21 pessoas normais foram utilizadas como controles negativos. Os resultados são apresentados como mediana e percentis 25-75. RESULTADOS: Os pacientes chegaram ao Centro de Trauma em média 45 min (30-62) após o trauma craniano leve. Seis dos 50 pacientes tiveram lesões pós-traumáticas relevantes segundo a tomografia computadorizada de crânio inicial (12%) e foram considerados como positivos. A concentração mediana de S-100B nestes pacientes foi de 0,75µg/L (0,66-6,5), significativamente maior (U-teste, p<0,05) do que a concentração mediana de 0,26µg/L (0.12-0.65) dos pacientes sem lesões pós-traumáticas, segundo a tomografia computadorizada de crânioCCT-. O cálculo para a detecção dos pacientes com lesões intra-cranianas revelou sensibilidade de 100%, especificidade de 20%, valor preditivo positivo de 15% and valor preditivo negativo de 100%. CONCLUSÃO: A proteína S-100B tem altas taxas de sensibilidade e valor preditivo negativo, podendo ter um importante papel para descartar a necessidade de tomografia de crânio após trauma craniano leve. Acreditamos que este achado é de relevância clínica, principalmente em países onde o trauma é muito frequente e os recursos médicos limitados.