ABSTRACT
Objetivo: Estudar o impacto da manometria anorretal na avaliação da incontinência fecal e no diagnóstico da doença de Hirschsprung, na Unidade de Gastroenterologia do Departamento de Pediatria (HCRPUSP). Método: Análise retrospectiva dos prontuários de 130 crianças submetidas à manometria anorretal para investigação de constipação intestinal (grupo I) e de incontinência fecal (grupo II), correlacionando os achados manométricos, avaliação ao enema opaco, biópsia retal e evolução clínica. Resultados: No grupo I, o enema opaco foi normal em 55%, a manometria anorretal evidenciou reflexo retoesfincteriano em 80% e a biópsia anorretal mostrou neurônios em 52%. Mediante esses exames e evolução clínica foi possível subdividir as crianças em: com constipação funcional (87), com doença de Hirschsprung (11) e com pseudo-obstrução intestinal (cinco). As 12 crianças restantes tinham estomias, em oito, decorrentes de enterocolite e em quatro, como tratamento provisório de malformação anorretal. Nessas crianças, a avaliação conjunta com enema opaco, manometria e biópsia anorretais possibilitou descartar Hirschsprung. As crianças do grupo II apresentavam meningomielocele (uma), escape fecal (duas), pós-operatório de malformação anorretal (sete), pós-operatório de doença de Hirschsprung (três) e diarréia crônica (duas). A pressão basal anal média em uma criança no pós-operatório de malformação anorretal foi de 50mmHg e, em duas, menos de 20mmHg. Em uma criança com pós-operatório de Hirschsprung a pressão foi de 52mmHg e nas crianças com escape fecal, de 55mmHg. Conclusões: A manometria anorretal é um excelente método na investigação dos distúrbios intestinais na infância. Deve ser utilizada na tentativa da exclusão da doença de Hirschsprung e na avaliação da incontinência fecal, pois, quando é normal, pode, na maioria dos casos, evitar a realização de exames mais invasivos
Subject(s)
Humans , Male , Female , Child , Constipation , Fecal Incontinence , Manometry , Biopsy , Gastrointestinal Motility , Hirschsprung Disease , Medical Records , Retrospective StudiesABSTRACT
Apresentar uma revisão sobre a constipação intestinal na criança, analisando as principais características clínicas bem como sua abordagem diagnóstica e terapêutica. Métodos -Revisão bibliográfica atualizada e experiência da Unidade de Gastroenterologia do Departamento de Pediatria- HCRP- USP. Resultados - A constipação intestinal constitui um problema comum na prática pediátrica. Sua definição está baseada na eliminação de fezes ressecadas, com esforço e dor. É comum as crianças pequenas apresentarem choro durante as evacuações. Em algumas crianças, pode ser observada retenção fecal importante, com ou sem escape fecal. O diagnóstico, na maioria dos casos, pode ser feito através de dados de história clínica e exame físico cuidadoso dos pacientes. O tratamento deve ser direcionado à causa básica, necessitando, na maioria dos casos, mudanças dietéticas e comportamentais. Conclusões - O diagnóstico da constipação intestinal deve ser precoce, pois interfere no sucesso terapêutico, que depende de uma adequada alimentação e do recondicionamento esfincteriano
Subject(s)
Humans , Male , Female , Child, Preschool , Child , Constipation , Gastrointestinal Motility , ConstipationABSTRACT
Objetivo: analisar algumas características clínicas e laboratoriais de crianças com doença de Hirschsprung. Métodos: estudo retrospectivo de 53 crianças com diagnóstico final de doença de Hirschsprung, atendidas de janeiro de 1981 a dezembro de 1999, no Hospital das Clínicas/ USP, Ribeiräo Preto. Foram analisados alguns parâmetros clínicos (distribuiçäo segundo o gênero, idade no início dos sinais e sintomas, na 1ª consulta e no diagnóstico da doença, principais sinais e sintomas e estado nutricional) e laboratoriais da 1ª consulta, que permitiram o diagnóstico (enema opaco, manometria anorretal e biópsia retal), bem como a evoluçäo dos pacientes após o tratamento cirúrgico. Resultados: 42 crianças (79,2 por cento) eram meninos. Os primeiros sinais e sintomas ocorreram no 1º mês, em 43 casos (81,1 por cento), a idade, na primeira consulta, teve mediana de 7 meses e idade de diagnóstico, mediana de 8,8 meses. As principais manifestações clínicas foram: distensäo abdominal em 83,0 por cento, constipaçäo intestinal em 73,6 por cento, atraso na eliminaçäo do mecônio em 60,7 por cento dos casos. Näo foi evidenciado importante comprometimento ponderoestatural. O enema opaco mostrou zona de transiçäo em 47,2 por cento (17/36) e, na manometria anorretal, observou-se ausência de reflexo reto esfincteriano em 73,7 por cento (14/19). Todas as biópsias anorretais evidenciaram aganglionose. Uma das crianças foi submetida a tratamento clínico e 52 a tratamento cirúrgico. A colostomia foi realizada em 22/52 crianças (42,3 por cento) e o tratamento cirúrgico definitivo em 49, sendo, em 77,6 por cento, cirurgia de Duhamel Haddad, em 20,4 por cento, cirurgia de Soave e, em 2,0 por cento, cirurgia de Lestar Martin. As complicações pré-operatórias mais freqüentes foram obstruçäo intestinal em 28,3 por cento e enterocolite em 11,3 por cento dos casos. As principais complicações pós-operatórias da colostomia foram: eventraçäo e/ou prolapso e/ou estenose em 22,7 por cento dos casos e do tratamento cirúrgico definitivo: escape e/ou incontinência fecal em 28,6 por cento, infecçäo e/ou deiscência de ferida cirúrgica em 22,4 por cento e enterocolite e/ou diarréia em 20,4 por cento. Três crianças näo foram submetidas a tratamento cirúrgico definitivo. Dez crianças (18,9 por cento) obtiveram alta, 14 (26,4 por cento) continuam em seguimento ambulatorial e 27 (50,9 por cento) abandonaram o serviço após a cirurgia definitiva