ABSTRACT
Este editorial apresenta o dossiê temático sobre os impactos da pandemia de COVID-19 na prática dos direitos sexuais e reprodutivos na América Latina. Nele, propomos uma reflexão sobre os efeitos da pandemia no exercício legal e vivencial dos referidos direitos. Ao mesmo tempo, consideramos importante recuperar, partindo dos debates de Veena Das, a ideia de extraordinário e de ordinário da violência de gênero e da violação dos direitos humanos. Por fim, os artigos deste dossiê são brevemente apresentados, mostrando como permitiram realizar um registro histórico e operar como denúncia de práticas e situações que não podem se repetir ou se manterem banalizadas.
This editorial introduces a thematic issue addressing the ramifications of the COVID-19 pandemic on the practice of sexual and reproductive rights in Latin America. We critically reflect on the pandemic's impact on both the legal and experiential dimensions of these rights. Drawing inspiration from Veena Das' debates, we emphasize the significance of reexamining the concepts of the extraordinary and the ordinary in gender violence and human rights violations. Furthermore, we provide a concise overview of the articles contributed to this dossier, highlighting their role in creating a historical record and serving as a denunciation of practices and situations that should neither be replicated nor trivialized.
Este editorial presenta el dossier temático sobre los impactos de la pandemia de COVID-19 en la práctica de los derechos sexuales y reproductivos en América Latina. En él proponemos una reflexión sobre los efectos de la pandemia en el ejercicio jurídico y vivencial de dichos derechos. Al mismo tiempo, consideramos importante recuperar, a partir de los debates de Veena Das, la idea de lo extraordinario y lo ordinario en la violencia de género y las violaciones de derechos humanos. Finalmente, se presentan brevemente los artículos escritos para este dossier, evidenciando cómo permitirán crear un registro histórico y también operarán como denuncia de prácticas y situaciones que no pueden repetirse ni banalizarse.
Subject(s)
Health LawABSTRACT
Resumo Este artigo se dispõe a refletir sobre as regulações dos modos de maternar às quais mulheres de diferentes gerações de uma mesma família estiveram expostas nas últimas décadas no contexto brasileiro. Para isso, explora narrativas de mães e filhas; de forma a analisar o que contam sobre sua maternidade e sobre os discursos que as atravessaram em suas práticas. Parto da premissa de que a figura materna é moralizada através das ideias de gênero e de geração, que geram também desigualdades e resistências por parte daquelas que maternam. O material de campo foi produzido entre 2020 e 2022, por meio de entrevistas em profundidade com mulheres urbanas e de classe média, que na época tinham entre 60-70 anos e 30-40 anos e eram de diversas regiões do Brasil. Obras literárias recentes, mais especificamente romances e ficções escritos por mulheres e sobre conflitos entre mães e filhas, funcionarão como pano de fundo que integra e também nos ajuda a interpretar os achados da pesquisa de campo. Para, ao final, tomando essas relações entre mulheres, podermos refletir sobre a atual conformação das ideias de geração, de pactos de cuidado e suas rupturas, bem como - por último - sobre de que formas as modulações da maternidade importam nesses processos.
Abstract This article aims to reflect on the regulations on the ways of mothering to which women from different generations of the same family have been exposed in recent decades in the Brazilian context. To do this, it explores narratives of mothers and daughters; in order to analyze what they say about their motherhood and the discourses that permeated their practices. I start from the premise that the maternal figure is moralized through ideas of gender and generation, which also generate inequalities and resistance on the part of those who mother. The field material was produced between 2020 and 2022, through in-depth interviews with urban and middle-class women, who at the time were between 60-70 years old and 30-40 years old and were from different regions of Brazil. Recent literary works, more specifically novels and fiction written by women and about conflicts between mothers and daughters, will function as a background that integrates and also helps us interpret the findings of the field research. So, in the end, taking these relationships between women, we can reflect on the current configuration of the idea of generation, of care pacts and their ruptures, as well as - finally - on how the modulations of motherhood matter in these processes.
Resumen Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre las regulaciones sobre las formas de maternidad a las que han estado expuestas mujeres de diferentes generaciones de una misma familia en las últimas décadas en el contexto brasileño. Para ello, explora narrativas de madres e hijas; con el fin de analizar lo que dicen sobre su maternidad y los discursos que permearon sus prácticas. Parto de la premisa de que la figura materna se moraliza a través de ideas de género y generación, que también generan desigualdades y resistencias por parte de quienes madres. El material de campo fue producido entre 2020 y 2022, a través de entrevistas en profundidad a mujeres urbanas y de clase media, que en ese momento tenían entre 60-70 años y 30-40 años y eran de diferentes regiones de Brasil. Las obras literarias recientes, más específicamente las novelas y ficción escritas por mujeres y sobre conflictos entre madres e hijas, funcionarán como un fondo que integra y también ayuda a interpretar los hallazgos de la investigación de campo. Entonces, al final, tomando estas relaciones entre mujeres, podemos reflexionar sobre la configuración actual de la idea de generación, de los pactos de cuidados y sus rupturas, así como -finalmente- sobre cómo las modulaciones de la maternidad importan en estos procesos. .
ABSTRACT
O Brasil é o recordista mundial de cesáreas. Aqui, de 52 por cento a 88 por cento dos partos são cirúrgicos na rede pública e na rede privada, respectivamente. Porém, não é só o alto número de cesarianas que chama a atenção, mas o que está por trás disso: as cesáreas são a escolha da maior parte das gestantes e dos profissionais que cuidam delas. Nesta obra, a autora - antropóloga e feminista - pesquisou um grupo que optou por parir diferentemente: da maneira mais natural possível. Ela conviveu, entre 2008 e 2010, na cidade de São Paulo, com cerca de 60 mulheres que já tinham dado à luz e, novamente grávidas, esperavam não repetir as experiências dolorosas anteriores. Rosamaria Carneiro esteve também com gestantes de primeira viagem, que queriam estudar possibilidades para decidir qual opção escolheriam. Sem aceitar imposições. Poucos casos e muita densidade foram sempre meu objetivo. Porém, mais que isso, o conteúdo é fruto de uma pesquisa etnográfica, eminentemente qualitativa sobre saúde sexual e reprodutiva, afirma ela...
Subject(s)
Humans , Feminism , Humanizing Delivery , Parturition , Hospitals, Maternity , Labor Pain , Sexuality , SpiritualityABSTRACT
Foi lançado recentemente, no Brasil, o Programa Rede Cegonha, iniciativa nacional orientada à gestante e à mãe brasileira usuárias do serviço público de saúde. Essa proposta parece colocar-nos diante de duas possibilidades interpretativas. De um lado, implica o importante reconhecimento da cidadania e efetivação do direito de acesso à saúde. De outro, abre espaço para a problematização de sua orientação, eficácia e seus limites, quando e se questionado a partir de discussões teóricas da pluralidade da categoria mulher, e, sobretudo, das críticas à prática obstétrica brasileira pelos adeptos do ideário do parto humanizado a partir dos anos 2000. Dado que o Brasil é o recordista mundial no número de cesáreas, tematiza-se o referido programa, à luz dessas duas matrizes discursivas e a partir de tensões como medicina x despersonalização e saúde x doença, e de noções de pessoa, corpo, experiência e singularidade na contemporaneidade.
The Rede Cegonha program, a Brazilian initiative targeting pregnant women and mothers who use the national healthcare system, was recently launched. This proposal seems to provide two possible interpretations. On the one hand, it implies important recognition of citizenship and puts the right to healthcare access into effect. On the other hand, its orientation, effectiveness and limits can be questioned, when and if points arise from theoretical discussions relating to plurality of the women's category and, especially, relating to criticism of Brazilian obstetric practices by followers of the ideas of humanized childbirth from around the year 2000 onwards. Considering that Brazil is the world record holder for the number of cesarean sections, this program is analyzed in the light of these two sources of discourse and starting from the tensions involved in medicine versus depersonalization and health versus disease, together with the current notions of person, body, experience and singularity.
Se puso en marcha recientemente en Brasil el Programa "Rede Cegonha", una iniciativa nacional dirigida a las mujeres embarazadas y madres usuarias de los servicios públicos de salud. La propuesta nos puso en frente a dos posibles interpretaciones. Por un lado, implica el reconocimiento importante de la ciudadanía y garantiza el derecho de acceso a la asistencia sanitaria. Por el otro, deja espacio para el cuestionamiento de su orientación, en especial, frente a las críticas que se han hecho para la práctica obstétrica actual. Teniendo en cuenta que Brasil tiene el récord mundial en el número de cesáreas, se relaciona el referido programa, a la luz de dos matrices discursivas y a partir de tensiones como medicina x despersonalización y salud x enfermedad y de nociones de persona, cuerpo, experiencia y singularidad en la contemporaneidad.