ABSTRACT
Em diversos estudos, as mulheres são definidas como mais propensas a atitudes pró-sociais, em comparação aos homens. Especula-se que essas diferenças de comportamento se devem às influências sociais. Entretanto, pesquisadores da Universidade de Zurich creditam essa diferença a questões de ordem biológica. O presente artigo consiste em síntese e comentário desse estudo, intitulado "The dopaminergic reward system underpins gender differences in social preferences", o qual verificou que o sistema de recompensa dopaminérgico das mulheres reage mais fortemente a comportamentos pró-sociais e o dos homens a comportamentos não sociais. Estudos anteriores já haviam demonstrado diferenças nas preferências entre os gêneros de bebês recém-nascidos e a influência no nível de testosterona fetal na tendência de crianças para sistematizar (analisar e construir sistemas) ou "empatizar" (perceber informações não verbais no comportamento). Diferenças de gênero entre habilidades e tendências comportamentais podem ter uma base biológica subjacente para além de influências sociais. Esta base incluiria a atuação hormonal no período gestacional e uma consequente diferenciação de funcionamento das estruturas cerebrais, em especial do sistema de recompensa e do sistema límbico.
Subject(s)
Choice Behavior , Corpus Striatum , Dopamine Agents , Gender Identity , RewardABSTRACT
Dada a alta prevalência do abuso sexual de mulheres, especificamente durante a infância e a adolescência, este artigo visa apresentar e comentar o estudo Sexual Conspecific Aggressive Response (SCAR): A Model of Sexual Trauma that Disrupts Maternal Learning and Plasticity in the Female Brain, de Shors e cols. O estudo em questão, que traz o primeiro modelo animal para investigar os mecanismos neuronais e comportamentais ativados no cérebro feminino como consequência da agressão sexual, verificou que ratas que sofreram abuso têm tanto o aprendizado de respostas condicionadas quanto o de comportamento materno comprometidos. Da mesma forma, outras publicações apontam que mulheres submetidas a abuso sexual durante a infância podem ter as mesmas dificuldades em decorrência dessa experiência estressante e traumática. Com base nesses achados, pode-se concluir que o impacto do abuso, para além das sequelas e do sofrimento pessoal das vítimas, pode ter alcance mais amplo, repercutindo sobre futuras gerações. Tal mecanismo de resposta, se confirmado em mulheres, ajudará no desenvolvimento de intervenções para recuperar meninas e jovens que sofreram violência sexual e trauma.