ABSTRACT
Neste trabalho, bordejaremos o buraco do real. E o faremos em torno dos conceitos de prazer e de gozo. Como Freud disse, só se aprende nos casos em que a defesa fracassa, porque então há retornos do recalcado e a moção pulsional encontra um modo substitutivo para se descarregar, ainda que seja um substituto mutilado, inibido ou deslocado, que já não é reconhecível como satisfação, que não produz sensação de prazer, mas gozo. Prazer e gozo. Prazer freudiano e gozo lacaniano. Em Além do princípio do prazer, Freud diz que a parte essencial do recalcado não pode ser lembrada e que não se repete a serviço da recuperação de uma vivência prazerosa, mas a serviço de uma vivência que não pôde ser. Para Lacan, em contrapartida, o sexual é o que fica fora do discurso, do lado do gozo, que, enquanto experiência do real, fica fora da palavra. Trata-se, portanto, do gozo do corpo enquanto real, do corpo que fica fora do discurso e do qual só podemos falar através de seus semblantes. Esse gozo se produz quando o sujeito é capturado pela linguagem. É o que fica como um resto que alíngua não pode significar.
In this paper, we discuss the hole of the real, taking into consideration the concepts of pleasure and jouissance (joy). As Freud said, we only learn when our defense fails, because, in this way, the repressed returns and the instinctual impulse finds a substitute mode to relieve itself, even if it is a mutilated, inhibited, and displaced substitute, which is no longer able to be recognized as satisfaction, and does not bring pleasure but jouissance (joy). Pleasure and jouissance. Freudian pleasure and Lacanian jouissance. In his work Beyond the pleasure principle, Freud says the essential part of the repressed cannot be remembered, and it does not repeat itself in order to bring back a pleasurable experience, but it does in order to live an experience that could not be lived. On the other hand, Lacan believes it is the sexual that is excluded from the discourse - in the side of jouissance, which remains outside the word, as an experience of the real. Therefore, it is about the jouissance of the body, as a real experience, the body that remains outside the discourse, and about which we can only speak through its looks (facial expressions). This jouissance is brought forth when the subject is captured by language. This is a remainder that lalangue cannot mean.
En este trabajo bordearemos el orificio de lo real. Y lo haremos en torno a los conceptos de placer y de goce. Como dice Freud, solo es posible aprender en casos en los que la defensa fracasa porque entonces hay retornos de lo reprimido y la moción pulsional encuentra un modo sustituto para descargar, aunque se trate de un sustituto mutilado, inhibido o desplazado, que ya no se reconoce como satisfacción, que no produce una sensación de placer sino de goce. Placer y goce. Placer freudiano y goce lacaniano. Si Freud, en Más allá del principio del placer dice que lo esencial de lo reprimido no se recuerda y que no se repite al servicio de la recuperación de una vivencia placentera sino de una vivencia que no pudo ser, para Lacan, en cambio, lo sexual es lo que queda fuera del discurso, del lado del goce, que, si bien la experiencia de lo real, queda por fuera de la palabra. Se trata por lo tanto del goce del cuerpo real, del cuerpo que queda fuera del discurso y del que solo podemos hablar a través de sus semblantes. Este goce se produce cuando el sujeto es atrapado por el lenguaje. Es lo que queda como un resto que lalengua no puede significar.