ABSTRACT
Objetivo: Relatar os principais equívocos no diagnóstico e conduta das uveítes, suas implicações no tratamento e prognóstico, e alertar aos oftalmologistas para a importância de uma abordagem e conduta iniciais apropriadas. Material e Métodos: Realizou-se estudo retrospectivo de prontuários de 105 pacientes, atendidos no Setro de Uveítes da Sociedade de Assistência aos Cegos no período de julho de 1999 a julho de 2002. Os prontuários foram escolhidos de forma aleatória. Desses, foram selecionados 34, nos quais havia algum equívoco na pesquisa do diagnóstico ou conduta inicial, antes de chegarem ao serviço. Analisou-se entre outros dados: período entre o início das queixas e chegada ao Serviço; acuidade visual; exames solicitados antes da primeira consulta, terapêutica inicial instituída e sua eficácia. Resultados: Dos 34 casos avaliados, 26 (76, 47 por cento) chegaram ao Serviço com um ou mais meses de evolução da doença; 17 (50 por cento) apresentavam lesão em pólo posterior, ativa, compatível com toxoplasmose, não estando em uso de tratamento específico. Quanto ao uso de corticóides tópicos ou sistêmicos, 8 (23,52 por cento) estavam fazendo uso de subdoses. No que se refere a pedido de exames, 14 (41,17 por cento) pacientes não tinham nenhum exame solicitado quando chegaram ao serviço e 6 (17,64 por cento) apresentavam diagnóstico equivocado. Conclusão: Esta investigação chama atenção para condutas iniciais inadequadas em uveítes e as graves consequências que muitas vezes poderiam ser evitadas ou atenuadas se procedimentos corretos fossem instituídos no início da doença. Apesar da importância do tema, não encontramos estudos semelhantes na literatura consultada.