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aSEPHallus ; 19(37): 22-36, nov.- abr.2024.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1561079

ABSTRACT

Na esteira das lógicas da economia psíquica e da economia política desenvolvidas por Freud e Lacan, tomamos como cerne um tipo de defesa que aparece em muitos casos da clínica contemporânea - o desmentido da privação - para colocar em evidência sua relação com o discurso capitalista pensado por Lacan. O desmentido da privação é um modo de defesa subjetivo que aparece como um índice do fracasso do pai privador na passagem do segundo para o terceiro tempo do complexo de Édipo. Trata-se de uma forma de se defender da castração buscando satisfação pulsional sem mediação simbólica ­ busca essa que é fracassada e extrapola o princípio de prazer. Conclui-se que esse desmentido contemporâneo é um sintoma do próprio discurso capitalista. Se a for aclusão da castração no discurso capitalista é uma promessa igualmente fracassada, o desmentido da privação aparece na subjetividade tentando solucionar esse fracasso. Ele é um sinal de que o discurso capitalista não cumpre sua promessa - e isso por sua própria engrenagem lógica.


Dans le sillage des logiques d'économie psychique et d'économie politique développées par Freud et Lacan, nous nous concentrons sur un type de défense qui apparaît dans de nombreux cas de pratique clinique contemporaine - le déni de la privation - pour mettre en évidence sa relation avec le discours capitaliste d' accord avec ce qui fut pensé par Lacan. Le déni de la privation est une défense subjective qui apparaît comme un indice de l'échec du père qui prive dans le passage du deuxième au troisième stade du complexe d'Œdipe. C'est une manière de se défendre de la castration en recherchant une satisfaction pulsionnelle sans médiation symbolique ­ une recherche qui échoue et dépasse le principe du plaisir. Nous concluons que ce déni contemporain est un symptôme du discours capitaliste lui-même. Si la for clusion de la castration dans le discours capitaliste est une promesse également ratée, le déni de la privation apparaît dans la subjectivité qui tente de résoudre cet échec. C'est le signe que le discours capitalistene tient pas ses promesses - et cela par sa propre logique.


Following the logics of psychic economy and political economy developed by Freud and Lacan, we target a type of defense that appears in many cases of contemporary clinical practice - the denial of deprivation - to highlight its relationship with the capitalist discourse as thought by Lacan. The denial of deprivation is a subjective defense that appears as an index of the failure of the depriving father in the transition from the second to the third stage of the Oedipus complex. It is a way of defending oneself from castration by seeking instinctual satisfaction without symbolic mediation ­ a search that fails and goes beyond the pleasure principle. The conclusion is that this contemporary denial is a symptom of capitalist discourse itself. If the foreclosure of castration in capitalist discourse is an equally failed promise, the denial of deprivation appears in subjectivity trying to resolve this failure. It is a sign that capitalist discourse does not fulfill its promise - and this by its own logical perspective.


Subject(s)
Psychoanalysis , Capitalism , Pleasure
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