ABSTRACT
Debatemos os rastros presentes na distopia de nossos laços sociais contemporâneos enquanto restos da colonialidade que sobrevivem em nossa cultura. Metodologicamente, recorremos a personagens do imaginário coletivo que interrogam o lugar do outro na cena social e na política. Compreendemos que os zumbis enquanto imagem mnêmica social trazem visibilidade às políticas de degradação do outro - sua dominação, seu extermínio, bem como da desmobilização política. A contextualização histórica e geográfica da origem e da construção desses personagens reforça a constatação da lógica colonizadora e escravagista ali presente, fundamentada nos modos de captura dos desejos, dos corpos e da vida dos sujeitos, culminando no efeito de obliteração das perspectivas de futuro. A figura do zumbi enquanto a lembrança encobridora do negro escravizado haitiano denuncia a desqualificação das lutas de libertação como nada mais que atos violentos de uma horda acéfala, bem como oferece a oportunidade de reinstituir a dignidade dos movimentos que visam à transformação social. Dentro de determinada perspectiva crítica, os zumbis passam a representar a imagem mnêmica social dos libertários que não cessam de lutar. Tornam-se a simbolização do impossível de governar; reagem ao destino certo da condição de mortos, recuperando a potência de construção de um comum na alteridade.
We discuss the traces present in the dystopia of our contemporary social ties as remnants of coloniality that survive in our culture. Methodologically, we resort to characters from the collective imaginary that question the place of the other in social and political scene. We understand that zombies as a social mnemic image bring visibility to the policies of degradation of the othertheir domination, their extermination, as well as political demobilization. The historical and geographic contextualization of the origin and construction of these characters reinforces the presence of the colonizing and slavery logic there, based on the ways of capturing the subjects' desires, bodies and lives, culminating in the effect of obliterating the prospects for the future. The figure of the zombie as a screen-memory of the enslaved black-Haitian denounces the disqualification of liberation struggles as nothing more than violent acts by an acephalous horde, as well as offers the opportunity to bring back the dignity of movements that claims for social transformation. Within a certain critical perspective, the zombies come to represent the social mnemic image of libertarians who never stop fighting. They become the symbolization of the impossible to govern; they react to dead condition as a fate, recovering the power to build a common in otherness.
Discutimos los rastros presentes en la distopía de nuestros lazos sociales contemporáneos como restos de colonialidad que perviven en nuestra cultura. Metodológicamente, recurrimos a personajes del imaginario colectivo, que cuestionan el lugar del otro en la escena social y en la política. Entendemos que los zombis como imagen mnémica social visibilizan las políticas de degradación del otro - su dominación, su exterminio, así como la desmovilización política. La contextualización histórica y geográfica del origen y de construcción de estos personajes refuerza la constatación de la lógica colonizadora y esclavista allí presente, basada en los modos de captura de los deseos, cuerpos y vida de los sujetos, culminando en el efecto de obliteración de perspectivas futuras. La figura del zombi como recuerdo encubridor del negro haitiano esclavizado denuncia la descalificación de las luchas de liberación como nada más que actos violentos de una horda acéfala, además de ofrecer la oportunidad de restituir la dignidad de los movimientos que aspiran a la transformación social. Dentro de cierta perspectiva crítica, los zombis vienen a representar la imagen mnémica social de los libertarios que no cesan de luchar. Se convierten en la simbolización del imposible de gobernar; reaccionan ante el destino cierto de la condición de los muertos, recuperando la potencia de construir un común en la alteridad.
Subject(s)
Psychoanalysis , Black or African American , Colonialism , Motion Pictures , Dehumanization , EnslavementABSTRACT
RESUMO: O objetivo desse artigo é utilizar a psicanálise como instrumental hermenêutico para elucidar a diferença constituinte de duas vertentes no interior do pensamento crítico ao colonialismo. A estratégia de investigação assim proposta ambiciona fazer a psicanálise operar como um termo a partir do qual se estruturam dois grupos, representados nesse trabalho por, de um lado, Walter D. Mignolo; e, de outro, Edward W. Said e Gayatri C. Spivak. A apropriação que esses autores fazem da psicanálise permitirá orientar nossa leitura na detecção do modo como compreendem a correlação colonizador/colonizado, adotando ou recusando uma ancoragem geopolítica como condição disjuntiva entre essas categorias/posições.
ABSTRACT: This paper aimed to use psychoanalysis as a hermeneutic tool to elucidate two divergent strands of thought within critical thinking about colonialism. The research strategy proposed aims to make psychoanalysis operate as a source from which two groups are structured, represented in this work by, on the one hand, Walter D. Mignolo and, on the other, Edward W. Said and Gayatri C. Spivak. The appropriation these authors made of psychoanalysis will allow us to guide our reading in detecting the way they understand the colonizer/colonized correlation, adopting or refusing a geopolitical anchoring as a disjunctive condition between these categories/positions.
Subject(s)
Social Isolation , Bereavement , Colonialism , SadnessABSTRACT
In pursuance of Literary Theory and Criticism, texts are drastically heterogeneous. They do not contain any general meaning, but each time a text is read from a different perspective, it reproduces new meanings and contributes to the propagation of new ideas and theories. A deconstructive reading can reveal the irreconcilable possibilities generated by the text, and the reader finds it strenuous to determine any permanent meanings. In this paper, Shakespeare's Othello is read from a different perspective in adherence to postcolonial theory. The Othello bears several references to postcolonial qualities – the Eurocentric ideology of Elizabethan people, who incline to think and express their thoughts in terms of binary oppositions, the notion of postcolonial othering, the position of marginalized, a clash between the Orient and the Occident, the hybridity of culture, identity crisis, and European racial consciousness, etc. Thus, the present paper focuses mainly on Shakespeare's work Othello with a postcolonial approach in the light of Edward Said's Orientalism.
ABSTRACT
Abstract This paper analyzes capacity building in practice, addressing the expectations, imaginaries and experiences of health researchers from Mozambique and Angola. The empirical data stems from the Erasmus+ funded project "University Development and Innovation - Africa (UDI-A)", a consortium established between European and African institutions to promote the mobility and empowerment of African academics, the establishment of North/South research partnerships and the strengthening of African institutions. Through qualitative research methods - semi-structured interviews and a focus group with African participants, and participant observation - this article analyzes the experiences of African academics working in the health field, their perceptions of capacity building and aspirations during their stay in Portugal in 2018. By addressing some of their concerns and achievements, this paper reflects on the performativity of capacity building methodologies, exploring a wide range of issues that emerge within the framework of North/South partnerships, inquiring whether it would be possible to decolonize capacity-building methodologies.
Resumo Este artigo analisa dispositivos de capacitação na prática, explorando as expetativas, os imaginários e as experiências de pesquisadores de saúde de Moçambique e Angola. Os dados empíricos resultam do projeto "University Development and Innovation - Africa (UDI-A)", financiado pelo programa Erasmus+, um consórcio estabelecido entre instituições europeias e africanas para promover a mobilidade e a capacitação de académicos africanos, o estabelecimento de parcerias de investigação Norte/Sul e o fortalecimento das instituições africanas. Através de metodologias qualitativas - entrevistas semiestruturadas e grupos de discussão com participantes africanos, e observação participante - este artigo analisa as experiências de académicos africanos trabalhando no setor da saúde, as suas perceções da capacitação e as suas ambições durante a estadia em Portugal em 2018. Através da análise das suas preocupações e sucessos, este artigo reflete acerca da performatividade das metodologias de capacitação, explorando um vasto leque de tópicos que emergem no contexto das parcerias Norte/Sul, questionando a possibilidade de uma descolonização das metodologias de capacitação.
Subject(s)
Humans , Research Personnel/organization & administration , Biomedical Research/organization & administration , Capacity Building , Portugal , Interviews as Topic , Focus Groups , Cooperative Behavior , International Cooperation , Angola , MozambiqueABSTRACT
Resumo Neste ensaio, para celebrar os cinquenta anos do seu manuscrito, nós revisitamos o clássico Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire. Em tempos difíceis no Brasil e de Movimento Escola sem Partido, dentre tantos outros 'avanços' do conservadorismo, a obra magna do patrono da educação brasileira está mais atual e vigorosa do que nunca. Aqui, embora reconhecendo que o ensaio de Freire significou certa 'revolução' da pedagogia, nosso foco incide sobre aquela que julgamos ser, apesar de pouco debatida, sua tese central - a da pedagogia da revolução. Além disso, no final, mostramos que Freire foi um dos precursores no Brasil do pensamento pós-colonial, devendo, portanto, servir como um ponto de interseção com essa corrente libertária cujo renascimento renova as esperanças e a utopia da esquerda.
Abstract In the present essay, in celebration of the 50th anniversary of his manuscript, we revisit the classic book Pedagogy of the Oppressed, by Paulo Freire. Amidst difficult times for Brazil, and at a time in which we see the rise of the Non-Partisan School Movement (Movimento Escola sem Partido, in Portuguese), among other 'advancements' of conservatism, the masterpiece of the patron of Brazilian education is more current and vigorous than ever before. Here, even though we recognize that Freire's essay meant a certain 'revolution' in pedagogy, our focus is on what we consider his central, though little debated, thesis: the pedagogy of revolution. Moreover, in the end, we show that Freire was one of the pioneers in Brazil of the post-colonial thinking, and this must work as a point of convergence with this libertarian school of thought, whose revival renews the hopes and utopia of the Left.
Resumen En este ensayo, volvimos sobre el clásico Pedagogía del Oprimido, de Paulo Freire, con motivo de la celebración de los cincuenta años de su manuscrito. En tiempos difíciles en Brasil y del Movimiento "Escuela sin Partido", entre tantos otros 'avances' del conservadurismo, la obra magna del patrono de la educación brasileña se muestra más actual y cobra más fuerza que nunca. Aquí, si bien reconocemos que el ensayo de Freire implicó una cierta 'revolución' en la pedagogía, nuestro análisis se centra sobre lo que consideramos como su tesis central, más allá que ha sido poco debatida - la de la pedagogía de la revolución. Así mismo, en el final, mostramos que Freire fue uno de los precursores en Brasil del pensamiento poscolonial, debiendo por lo tanto servir como un punto de intersección con esa corriente libertaria cuyo renacimiento renueva las esperanzas y la utopía de la izquierda.
Subject(s)
Humans , EducationABSTRACT
RESUMO O "giro decolonial" ao adaptar o argumento pós-colonial para a América Latina, compreende que a colonialidade é a face oculta e constitutiva da modernidade. Ao constatar criticamente que o problema do imperialismo é subdesenvolvido pelos seus principais teóricos, lanço as seguintes indagações: é possível pensar na relação entre colonialidade e modernidade, sem a dinâmica da "imperialidade"? Como explicar a reprodução das novas formas de colonialismo sem a consideração das novas formas de imperialismo? Neste artigo, assim, proponho o conceito de Imperialidade como uma lacuna que impede a explicação dos mecanismos de reprodução da colonialidade. Ao entendê-la como lógica do imperialismo, constitutiva e relacional da colonialidade, observo ainda que as estratégias de descolonização devem ser muito mais dirigidas à "Imperialidade" do que à modernidade propriamente dita. A informalidade, invisibilidade e nebulosidade dos mecanismos contemporâneos de Imperialidade reproduzem o imperialismo sem império através da governança sem governo no contexto global.
ABSTRACT In an adaptation of the postcolonial argument for Latin America, the giro decolonial [decolonial shift] suggests that coloniality is the hidden and constitutive face of modernity. By critically claiming that the problem of imperialism is under developed by its main theorists, I would like to ask the following series of questions: can the relationship between coloniality and modernity be considered without the dynamic of "imperality"? How can the reproduction of new forms of colonialism be accounted for without a consideration of the new forms of imperialism? In order to address such questions, I therefore propose the concept of imperality as a void hindering an explanation for the mechanisms propagating coloniality. By understanding it as the logic of imperialism, which is an integral part of, and directly related to, coloniality, I further observe that the strategies of decolonization should be targeted at "imperiality" rather than modernity itself. The informality, invisibility, and nebulosity of the contemporary mechanisms of imperiality reproduce an empire-less imperialism in the global context by means of government-less governance.
RÉSUMÉ Le "virage décolonial", en adaptant l'argument postcolonial à l'Amérique latine, suggère que la colonialité constitue la face caché et constitutive de la modernité. Si l'on part de la constatation critique de ce que le problème de l'impérialisme est sous-estimé par ses principaux théoriciens, les questions suivantes se posent: est-il possible de penser la relation entre colonialité et de la modernité sans y inclure la dynamique de l'"impérialité"? Comment expliquer la reproduction des nouvelles formes de colonialisme sans prendre en compte les nouvelles formes d'impérialisme? Dans cet article, je proposerai ainsi le concept d'Impérialité en tant que lacune empêchant l'explication des mécanismes de reproduction de la colonialité. Si l'on entend cette impérialité comme logique de l'impérialisme constitutive et indissociable de la colonialité, on verra que les stratégies de décolonisation doivent s'adresser d'abord à elle plutôt qu'à la modernité proprement dite. L'informalité, l'invisibilité et la nébulosité des mécanismes contemporains de l'impérialité reproduisent dans le contexte global un impérialisme sans empire au moyen d'une gouvernance sans gouvernement.
RESUMEN El "giro decolonial", al adaptar el argumento poscolonial a América Latina, comprende que la colonialidad es la cara oculta y constitutiva de la modernidad. Una vez constatado críticamente que el problema del imperialismo ha sido poco desarrollado por sus principales teóricos, planteo las siguientes cuestiones: ¿Es posible concebir la relación entre colonialidad y modernidad sin la dinámica de la "imperialidad"? ¿Cómo explicar la reproducción de las nuevas formas de colonialismo sin tener en consideración las nuevas formas de imperialismo? Por tanto, en este artículo, propongo el concepto de imperialidad como una laguna que impide explicar los mecanismos de reproducción de la colonialidad. Al entenderla como lógica del imperialismo, constitutiva y relacional de la colonialidad, observo además que las estrategias de descolonización deben estar mucho más dirigidas a la "imperialidad" que a la modernidad propiamente dicha. La informalidad, la invisibilidad y la nebulosidad de los mecanismos contemporáneos de imperialidad reproducen el imperialismo sin imperio a través de la gobernanza sin gobierno en el contexto global.
ABSTRACT
Neste artigo foi abordado o enlace entre Oriente e Ocidente nas questões sociais e geopolíticas do século XX e início do XXI. Realiza-se uma breve análise sobre o colonialismo europeu e a sua construção considerando o mundo árabe e islâmico, os fluxos migratórios para os países centrais e a origem do fundamentalismo no Ocidente. As questões atuais se desdobram a partir da construção do orientalismo, da dominação política e econômica que levou à formação de estereótipos e preconceitos com o árabe e o islã. O objetivo é apresentar elementos para uma reflexão a respeito da migração dos árabes e muçulmanos no contexto das guerras e conflitos do século XX e início deste século. Também visa esclarecer a origem dos estereótipos e reforçar a necessidade do conhecimento do outro para que o diálogo e a coexistência estejam no centro do debate...
In this article, the link between East and West in social and geopolitical issues of the twentieth and early twenty-first centuries was approached. A brief analysis of European colonialism and its construction considering the Arab and Islamic world, migration to the central countries and the rise of orientalism was conducted. Current issues unfold from the construction of orientalism, the political and economic domination that led to the formation of stereotypes and prejudices towards the Arab and Islam. The goal is to provide elements for a reflection on the migration of Arabs and Muslims in the context of wars and conflicts of the twentieth century and beginning of this century. It also aims to clarify the origin of stereotypes and reinforce the need for knowledge of the other so that dialogue and coexistence are at the center of the debate...
En este artículo se abordó el enlace entre Oriente y Occidente en las cuestiones sociales y geopolíticas del siglo XX y principios del XXI. Se realizó un breve análisis acerca del colonialismo europeo y su construcción considerando el mundo árabe e islámico, los flujos migratorios para los países centrales y la origen del fundamentalismo en el Occidente. Las cuestiones actuales se desdoblan a partir de la construcción del orientalismo, de la dominación política y económica que llevó a la formación de estereotipos y prejuicios hacia el árabe y el islam. El objetivo es la presentación de elementos para la reflexión acerca de la migración de los árabes y musulmanes en el contexto de guerras y conflictos del siglo XX y principios de este siglo. También tiene por objetivo aclarar la origen de los estereotipos y reforzar la necesidad del conocimiento del otro para que el diálogo y la coexistencia estén en el centro del debate...
Subject(s)
Humans , Cross-Cultural Comparison , PsychotherapyABSTRACT
Nation is the most essential part of human identity. Literature plays a vital role in recognizing the identity of self as well as in relation to the larger community-the nation. This research paper tends to emulate and identify the idea of writing nation in Postcolonial Indian English Fiction, with special reference to Salman Rushdie’s novel Midnight’s Children.
ABSTRACT
A partir do diálogo com o filme Fintar o destino (Fernando Vendrell, 1998), considerado como um mapa que descortinou importantes questões do cotidiano caboverdiano, esse artigo tem por objetivo discutir duas ocorrências contemporâneas do âmbito esportivo: a) a relação de ex-colônias com os antigos colonizadores; b) a migração de atletas de países economicamente menos desenvolvidos para determinados centros, especialmente do mercado europeu. Argumentamos que essa discussão permite-nos sintonizar a interpretação do esporte com alguns debates relacionados ao pós-colonialismo, especialmente no que se refere a posicionamentos neocolonialistas.
From the dialogue with the film Dribbling fate (Fernando Vendrell, 1998), considered as a map unfolded important issues of cape verdeans daily lives, this article aims to discuss two contemporary instances of sports activities: a) the relationship of ex-colonies with the former colonizers, b) the migration of athletes from less economically developed countries for specific centers, especially the European market. We argue that this discussion allows us to set up dialogue between the interpretation of the sport and some discussions related to postcolonialism, above all in relation to neocolonialist positions.
A partir del diálogo con la película Fintar o destino (Fernando Vendrell, 1998), considerada como un mapa que presentó importantes cuestiones del cotidiano caboverdiano, este artículo tiene por objetivo discutir dos ocurrencias contemporáneas del ámbito deportivo: a) la relación de ex-colonias con antiguos colonizadores; b) la migración de atletas de países menos desarrollados económicamente para ciertos centros, notadamente del mercado europeo. Sostenemos que esta discusión permite ajustar la interpretación del deporte con algunos debates relacionados al postcolonialismo, especialmente en lo que se refiere a posiciones neocolonialistas.