Vigilância em Saúde do Trabalhador e articulações intersetoriais no enfrentamento do trabalho infantil em Diadema, SP, Brasil / Surveillance in Occupational Health and intersectorial articulations in the fight against child labour in Diadema, SP, Brazil

RESUMO

Este artigo visa apresentar uma intervenção desenvolvida no âmbito de atuação do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Diadema, SP. Os objetivos foram analisar os acidentes de trabalho com adolescentes notificados pela rede municipal de saúde de 2009 a 2019 e relatar as estratégias intersetoriais e as ações de vigilância e prevenção implementadas. Foram analisados os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, relatórios técnicos das vigilâncias e registros de reuniões e eventos da equipe. Dos 5.179 acidentes de trabalho graves notificados, 7,5% atingiram jovens entre 14 e 17 anos, sendo 72% do sexo masculino e 28% do feminino. A compreensão do fenômeno de modo ampliado foi favorecida pela discussão intersetorial e pelo matriciamento na saúde. Foram constatadas as dificuldades dos profissionais de saúde em identificar o acidente de trabalho e a negação dos pais sobre as condições adversas de trabalho. Espera-se superar a invisibilidade e subnotificação das situações de trabalho infantil e contribuir para aplicação dos princípios da precaução e da prevenção para construir paradigmas protetivos sobre as crianças e suas famílias no enfrentamento do trabalho infantil

ABSTRACT

This study aims to show an intervention developed within the scope of the Worker's Health Reference Centre in Diadema. We analysed municipal health network reports of occupational accidents with adolescents from 2009 to 2019 to assess intersectoral strategies and the implemented surveillance and prevention actions. Notifiable Diseases Information System, technical reports from surveillance, and records of our team's meetings and events of were analyzed. Of the 5,179 reported serious work accidents, 7.5% affected young people aged between 14 and 17 years, 72% of which were boys and 28%, girls. Intersectoral discussion and a matrix health support favoured a broader understanding of the phenomenon. We found difficulties of healthcare providers in identifying work accidents and parents' denial about adverse working conditions. We expect to overcome the invisibility and underreporting of child labour and contribute to the application of principles of precaution and prevention to build protective paradigms for children and their working families to combat child labour