Estudo dos fatores de risco para a recidiva local em pacientes com câncer mamário estádios I e II tratadas com conservação da mama

RESUMO

O Tratamento do carcinoma mamário estádios I e II com conservação da mama, já é tido como sendo tão seguro e confiável quanto a mastectomia. Entretanto são esperadas taxas de recidiva local da patologia entre 5 e 22% após 5 anos de seguimento, tornando-se assim, de capital importância o estudo dessas recorrências. O objetivo deste trabalho foi analisar 25 fatores clínicos, laboratoriais e anatomopatológicos de carcinomas mamários estádio I e II que pudessem estar associados à recorrência do tumor na mama tratada. O grupo estudado foi constituído por 156 pacientes com menos de 70 anos, acometidas por tumores de até 4 cm no maior diâmetro; tratadas por tumorectomia, dissecção axilar, implantação de agulhas de iridium e telerradioterapia, das quais 25 apresentaram subseqüentemente recidiva na mama tratada. Por análise univariativa, utilizando-se tabelas de vida pelo método de Kaplan-Meyer e analisando-se pelo teste de Logrank, os fatores associados ao risco de reicidiva local foram idade- 41 anos, tamanho clínico do tumor- 3 cm, carcinoma ductal graus II e III, tamanho anatômico do tumor- 2 cm, presença de necrose intratumoral, comprometimento axilar histológico e estádio pós- cirúrgico II (p E II). Para obter a inter-relação das variáveis utilizou-se a regressão logística de cox, em que somente o estádio pós-cirúrgico II e a presença de necrose intratumoral se mostraram como variáveis significativamente independentes. Com estas duas variáveis, foi possível separar o risco de recidiva local em três grupos “Baixo risco” (p E I e necrose ausente), onde a taxa acumulativa de recidiva local foi de 4% aos cinco anos; “Risco intermediário” (pE I e necrose presente ou pE II e necrose ausente), em que a taxa acumulativa de RL aos cinco anos foi de 17%; e “Alto Risco” (p E II e necrose presente), com esta taxa de 40%. Por fim são sugeridos estudos que deverão indicar qual a melhor forma de tratamento para as pacientes enquadradas no grupo de alto risco para recidiva local

ABSTRACT

There is now enough evidence with regards to the safety and reliability of breast conserving therapy for early breast cancer. However, it is expected that between 5 and 22% of the patients, will develop local relapse after a 5-year follow up, thus it is of great importance to study these radiation failures. The aims of this study was to analyse 25 clinicallaboratory, and pathological factors that could be associated to relapse in a treated breast. The studied group comprised 156 patients with tumours up to 4 cm in diameter, aged up to 70 years, and treated by tumourectomy, axillary clearance, implant of iridium wires and external radiotherapy, of whom 25 developed breast relapse subsequently. The study included both a univariative analysis by means of Kaplan-Meyer life tables and analysis by long-rank test. The features that appeared associated with breast relapse were age-41 years, tumour clinical size- 3cm, ductal carcinoma grade II orIII, tumor anatomical size- 2 cm, presence of intratumouralnecrosis, axillary lymph nodes metastases and post-surgical stage II. In order to obtains the relationship among variables, a Cox regression model was used, that identified only the post-surgical stage II and necrosis as significantly independent variables. With these two factores it was possible to create three local relapse risk groups 1-Low risk (p E I and – ve necrosis) in whom a cumulative local relapse rate after a 5 year follow up was 4%; 2- Intermediate risk ) p E I and +ve necrosis or p E II and –ve necrosis) with a cumulative 5 year local failure rate being 17%; 3- High risk group (p E II and +ve necrosis) with this rate of 40%. Finally, it is suggested that the local relapse high risk group should be tested in prospective trials in order to stablish the best kind of treatment