Cirurgia abdominal no paciente com Síndrome de Imunodeficiência Adquirida / Abdominal surgery in patient with acquired immunodeficiency syndrome

RESUMO

Os autores realizaram um estudo experimental em 24 pacientes portadores de Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e submetidos a cirurgias abdominais. Treze operaçoes foram conseqüência de quadro abdominal agudo. Desses, em sete pacientes ocorreram perfuraçoes de víscera. Houve onze indicaçoes de cirurgias em afecçoes retroperitoneais (4 emergências e 7 eletivas), relacionadas a linfadenopatias, abscessos e tumor maligno. O "mycobacterium tuberculosis" (BK) e o citomegalovirus foram os principais agentes patogênicos identificados, respectivamente em sete e quatro pacientes. O quadro clínico, apesar de variável, revelou com freqüência anemia, dor abdominal, emagrecimento, febre e diarréia. A irritaçao peritoneal esteve presente em todos os casos diagnosticados como abdome agudo. Verificaram-se ainda leucopenia, leucocitose e contagem de leucócitos norma, mas virtualmente em todos os doentes, houve desvio para a esquerda. A presença de massa retroperitoneal em paciente com SIDA sugere diagnóstico de BK, principalmente se aquele vive em áreas endêmicas para tuberculose. Houve dois óbitos durante o ato cirúrgico e 70 por cento dos doentes faleceram no primeiro mês de pós-operatório, a maioria em decorrência de sepse. Em pacientes portadores de SIDA o perfeito conhecimento da patogenia e do quadro clínico relacionado ao agente etiológico (fungo, bactéria, protozoário, vírus) é essencial para estabelecer uma conduta terapêutica adequada. Esta compreende a cirúrgia precoce nos abdomens agudo e a intervençao eletiva na presença de complicaçoes, ou quando se visa o esclarecimento diagnóstico.