Internações por transtornos mentais e de comportamento decorrentes de substâncias psicoativas: um estudo epidemiológico nacional do período de 1988 a 1999 / Admissions for mental and behavioral disorders due to the use of psychoactive substances: a national epidemiological survey between 1988 and 1999

RESUMO

Objetivo: analisar as internações hospitalares decorrentes do uso de psicotrópicos no Brasil ao longo dos anos de 1988 até 1999. Metodologia: a amostra foi composta por hospitais e clínicas do Brasil que internam casos relacionados ao uso de psicotrópicos. Através de levantamento postal, estes estabelecimentos foram solicitados a encaminhar ao Cebrid uma planilha com dados gerais a respeito de cada paciente internado. No presente estudo, foram analisados os dados obtidos ao longo de 12 anos consecutivos (1988-1999). Resultados e conclusões: no período todo, foram analisadas 726.429 internações, das quais o álcool foi responsável por cerca de 90 por cento. No entanto a proporção de internações decorrentes do uso de outros psicotrópicos cresceu consideravelmente ao longo dos anos, passando de 4,7 por cento (em 1988) para 15,5 por cento (em 1999). A cocaína e seus derivados foram os psicotrópicos cujas internações mais cresceram no período, passando de 0,8 por cento (em 1988) para 4,6 por cento (em 1999). Em todos os anos avaliados, a proporção de homens foi muito superior à de mulheres, numa relação de cerca de 151 para o álcool e 91 para os demais psicotrópicos. Com a mudança da classificação diagnóstica CIDð9 para CIDð10, entre 1996 e 1998, começaram a emergir casos de internação decorrentes do uso de solventes. No ano de 1999, o último do período analisado, foram notificadas 44.680 internações, das quais 84,5 por cento por álcool, 8,3 por cento por múltiplos psicotrópicos, 4,6 por cento por cocaína, 1,3 por cento por maconha e 0,2 por cento por solventes, entre outras substâncias