RESUMO
A clínica-escola, enquanto espaço para realização de estágio em Psicologia Clínica, conjuga as dimensões da formação universitária e atendimento à comunidade. A Psicanálise é uma das modalidades clínicas e dispositivos teóricos que se apresentam aos estudantes como possibilidade para seu trabalho. Neste artigo, iniciamos problematizando as relações entre a Psicanálise e a Universidade, na tentativa de situar um lugar possível para a Psicanálise no contexto da formação em um curso de Psicologia. Em seguida, buscamos elementos para pensar a clínica nas recomendações de Freud aos jovens analistas. Por fim, articulamos estas questões à nossa experiência de estágio, realizado em uma clínica-escola de uma Universidade do sul do país. Consideramos que a desconstrução da lógica universitária em relação ao saber, a construção de uma escuta que não cede à linguagem e a atenção para o manejo das exigências institucionais são algumas das questões essenciais para um encontro possível dos estudantes com a Psicanálise. (AU)
A university clinic, as a place for internship in clinical psychology, combines the dimensions of university education and service to the community. Psychoanalysis is one of the clinical modalities and theoretical perspectives presented to the students as a possibility for their work. In this article, we begin discussing the relations between psychoanalysis and the university, in an attempt to locate a possible place for psychoanalysis in the context of internship in a psychology course. Then, we seek elements to think the clinic in Freud's recommendations to young analysts. Finally, we articulate these issues to our internship experience, held in a university clinic in the South of the country. We believe that the deconstruction of the university logic in relation to knowledge, the construction of a listening that does not yield to language and the attention to the management of institutional requirements are some of the essential issues for a possible encounter of students with psychoanalysis. (AU)
La clínica escuela, como un espacio para la realización de prácticas en psicología clínica, combina las dimensiones de la educación universitaria y el servicio a la comunidad. El psicoanálisis es una de las modalidades clínicas y dispositivos teóricos que se presentan a los estudiantes como una posibilidad para su trabajo. En este artículo, empezamos problematizando las relaciones entre el psicoanálisis y la universidad, en un intento de localizar un lugar posible para el psicoanálisis en el contexto de la formación en un curso de psicología. Luego, buscamos elementos para pensar la clínica en las recomendaciones de Freud a los jóvenes analistas. Por fin, articulamos estas cuestiones a nuestra experiencia de prácticas, que tuvo lugar en la clínica escuela de una universidad en el Sur del país. Consideramos que la deconstrucción de la lógica universitaria en relación al conocimiento, la construcción de una escucha que no cede en el lenguaje y la atención al manejo de las exigencias institucionales son algunas de las cuestiones esenciales para un encuentro posible de los estudiantes con el psicoanálisis. (AU)
Assuntos
Humanos , Psicanálise , Universidades , Apoio ao Desenvolvimento de Recursos Humanos , Psicologia , Capacitação ProfissionalRESUMO
O artigo propõe um gesto de leitura de três processos judiciais sobre suicídioe trabalho. Os casos levantados junto ao Memorial do Judiciário do Estado do Rio Grande do Sul correspondem às décadas de 1960 e 1970. Apresentados aqui na interface entre as duas disciplinas de origem dos autores, Psicologia e História, e entre duas obras: Suicídio e Trabalho: o que fazer? de Christophe Dejours e Florence Bègue (2010) e Sobre o Suicídio de Karl Marx (1846/2006). A Análise de Discurso é o dispositivo teórico analítico que proporciona essa interface sendo conhecimento de entremeio entre Psicanálise, Materialismo Histórico e Linguagem, através do qual procuramos analisar os efeitos de evidênci presentes nos processos judiciais. O que quer saber um processo criminal de suicídio? Observamos que os processos trabalhados procuram cúmplices e culpados encarnados. O suicídio é um gesto absoluto e silenciado, tratado como um ato individual e, portanto, atribuído ao seu autor. Pouco se discute acerca do suicídio ou da situação em que é praticado. Menos ainda, a relação do suicídio com a sociedade em que é concebido. Perde-se o sujeito que engendra o gesto. Resta o sujeito autor na condição de depositário: causa e consequência de sua própria ação. (AU)
This article proposes a reading gesture of three lawsuits about work and suicide. The cases from 1960s and 1970s were found in the collection fromRio Grande do Sul State Judiciary Memorial. As a dialogue between Psychology and History, the lawsuits are read among two different works, Suicide et travail: que faire? by Christophe Dejours e Florence Bègue (2010) and About the Suicide by Karl Marx (1846/2006). Discourse Analysis is thetheoretic analytical device interfacing with Psychoanalysis, Historical Materialism and the Language, through what we sought analyze the evidence effects in the lawsuits. However, what a lawsuit about suicide wants to know? We have seen that the investigated lawsuits are searching for accomplices or an incarnate guilty. Suicide is an absolute and muted gesture. Historically it has been treated as individual act and, therefore, assigned by his author. The suicide or the situation where it was practiced has a short discussion, even shorter is the relation made between the suicide and society where it comes from. The subject whom engenders thegesture gets lost. Remains the author subject in the receiver condition: cause and consequence of his own action. (AU)
El presente artículo expone la lectura de tres procedimientos judiciales sobresuicidio y trabajo. Los casos recogidos en el Memorial Judicial del Estado deRío Grande del Sur corresponden a las décadas de los 1960 y 1970. Presentados en la interfaz entre las dos disciplinas de origen de los autores,Psicología e Historia y entre dos obras, Trabajo y Suicidio de Christophe Dejours y Florence Bègue (2010) y Acerca del suicidio de Karl Marx(1846/2006). El Análisis del Discurso es el dispositivo teórico analítico queproporciona este interfaz, siendo el conocimiento puente entre Psicoánalisis, Materialismo histórico y Lenguaje, a través del cual procuramos analizar las evidencias presentes en los procesos judiciales. ¿Qué es lo que se quiere saber de un proceso criminal de suicidio? Observamos que los procesostrabajados hacen una búsqueda encarnada de cómplices y culpables. Elsuicidio es un acto absoluto y silenciado, tratado como un acto individual y, por tanto, atribuído a su autor. Pocas son las discusiones acerca del suicidio o de la situación en la que es practicado. Menos todavía, la relación del suicidio con la sociedad en la que es concebido. Se pierde el sujeto que engendra el acto. Falta el sujeto autor en la condición de receptor: causa y consecuencia de su propio acto. (AU)
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Suicídio , TrabalhoRESUMO
O artigo propõe um gesto de leitura de três processos judiciais sobre suicídio e trabalho. Os casos levantados junto ao Memorial do Judiciário do Estado do Rio Grande do Sul correspondem às décadas de 1960 e 1970. Apresentados aqui na interface entre as duas disciplinas de origem dos autores, Psicologia e História, e entre duas obras: Suicídio e Trabalho: o que fazer? de Christophe Dejours e Florence Bègue (2010) e Sobre o Suicídio de Karl Marx (1846/2006). A Análise de Discurso é o dispositivo teórico analítico que proporciona essa interface sendo conhecimento de entremeio entre Psicanálise, Materialismo Histórico e Linguagem, através do qual procuramos analisar os efeitos de evidência presentes nos processos judiciais. O que quer saber um processo criminal de suicídio? Observamos que os processos trabalhados procuram cúmplices e culpados encarnados. O suicídio é um gesto absoluto e silenciado, tratado como um ato individual e, portanto, atribuído ao seu autor. Pouco se discute acerca do suicídio ou da situação em que é praticado. Menos ainda, a relação do suicídio com a sociedade em que é concebido. Perde-se o sujeito que engendra o gesto. Resta o sujeito autor na condição de depositário: causa e consequência de sua própria ação.
This article proposes a reading gesture of three lawsuits about work and suicide. The cases from 1960s and 1970s were found in the collection fromRio Grande do Sul State Judiciary Memorial. As a dialogue between Psychology and History, the lawsuits are read among two different works, Suicide et travail: que faire? by Christophe Dejours e Florence Bègue (2010) and About the Suicide by Karl Marx (1846/2006). Discourse Analysis is the theoretic analytical device interfacing with Psychoanalysis, Historical Materialism and the Language, through what we sought analyze the evidence effects in the lawsuits. However, what a lawsuit about suicide wants to know? We have seen that the investigated lawsuits are searching for accomplices or an incarnate guilty. Suicide is an absolute and muted gesture. Historically it has been treated as individual act and, therefore, assigned by his author. The suicide or the situation where it was practiced has a short discussion, even shorter is the relation made between the suicide and society where it comes from. The subject whom engenders thegesture gets lost. Remains the author subject in the receiver condition: cause and consequence of his own action.
El presente artículo expone la lectura de tres procedimientos judiciales sobresuicidio y trabajo. Los casos recogidos en el Memorial Judicial del Estado deRío Grande del Sur corresponden a las décadas de los 1960 y 1970. Presentados en la interfaz entre las dos disciplinas de origen de los autores, Psicología e Historia y entre dos obras, Trabajo y Suicidio de Christophe Dejours y Florence Bègue (2010) y Acerca del suicidio de Karl Marx(1846/2006). El Análisis del Discurso es el dispositivo teórico analítico que proporciona este interfaz, siendo el conocimiento puente entre Psicoánalisis, Materialismo histórico y Lenguaje, a través del cual procuramos analizar las evidencias presentes en los procesos judiciales. ¿Qué es lo que se quiere saber de un proceso criminal de suicidio? Observamos que los procesos trabajados hacen una búsqueda encarnada de cómplices y culpables. El suicidio es un acto absoluto y silenciado, tratado como un acto individual y, por tanto, atribuído a su autor. Pocas son las discusiones acerca del suicidio o de la situación en la que es practicado. Menos todavía, la relación del suicidio con la sociedad en la que es concebido. Se pierde el sujeto que engendra el acto. Falta el sujeto autor en la condición de receptor: causa y consecuencia de su propio acto.