RESUMO
Introdução: A leucemia mieloide crônica é um distúrbio mieloproliferativo clonal com uma anormalidade citogenética específica, resultante da translocação entre os cromossomos 9 e 22 com consequente produção de uma proteína com atividade tirosina quinase alterada. Tratamentos históricos com drogas como bussulfan, hidroxiureia e interferon passaram a ser pouco utilizados devido ao surgimento dos inibidores de tirosina quinase, cujo principal representante é o mesilato de imatinibe. Esse fármaco é a terapia de primeira linha, sendo bem tolerado pelos pacientes e com baixo risco de eventos adversos severos. Entretanto, com cerca de dez anos de uso, ainda há preocupação com efeitos colaterais em longo prazo, tais como o desenvolvimento de segunda neoplasia. Objetivo: Descrever a ocorrência de múltiplas neoplasias em um portador de leucemia mieloide crônica. Método: Relata-se o caso de um paciente com leucemia mieloide crônica há 13 anos, tendo utilizado hidroxiureia e interferon como terapias prévias e em uso de mesilato de imatinibe há nove anos. Resultados: Há dois anos, o paciente apresentou dois nódulos em coxa esquerda que foram totalmente ressecados. Diagnosticou-se lipossarcoma mixoide e o paciente foi submetido à radioterapia. A tomografia computadorizada do abdomên de controle aos seis meses detectou nódulo espiculado na gordura mesenquimal adjacente ao jejuno/íleo. Feita laparotomia exploradora e ressecção, o anatomopatológico demonstrou fibromatose desmoide. Conclusão: O portador de tumor maligno tem risco aumentado de desenvolver uma segunda neoplasia, que pode dessa forma ocorrer nos portadores de leucemia mieloide crônica. Essa associação pode estar relacionada aos fármacos usados no tratamento da mesma.