RESUMO
O objetivo deste estudo é identificar e estimar a influência da escolaridade e outros fatores socioeconômicos no rendimento do trabalho no nordeste e sudeste do Brasil. Retornos a escolaridade, sexo, cor da pele e nível educacional dos pais foram estimados com ajustamento de quatros diferentes modelos econométricos: três regressões lineares múltiplas e um modelo de variável instrumental. Em todas formulações o conjunto de variáveis mostrou-se relevante e o coeficiente de determinação satisfatório. A pesquisa aponta para a existência de uma relação positiva entre educação e rendimento do trabalho. As taxas de retornos estimadas para escolaridade variam de 12 por cento a 19 por cento e parecem plausíveis para o caso brasileiro. Como relação de causa e efeito, pode-se esperar que um ano adicional de educação formal eleve tanto a produtividade quanto o rendimento do trabalho. Também importante, é a constatação que o nível educacional dos pais exerce influência positiva sobre o rendimento do trabalho. Esta variável foi utilizada como proxy das características não observáveis que influenciam a escolarização dos indivíduos, denominadas de family background. A média de anos de estudos completos na amostra selecionada situa-se muito acima das estatísticas oficiais do país, em torno de 10 anos, evidenciando a crescente importância com que instituições públicas e privadas do mercado de trabalho vêem a educação. Outras variáveis especificadas nos modelos mostraram-se relevantes, como sexo, cor da pele e região. Algumas dessas variáveis explicam parcela significativa das diferenças regionais no Brasil. Diferenciais regionais de escolaridade e renda refletiram os contrastes entre pobreza rural e o crescimento desorganizado nas áreas urbanas. Nossos resultados mostram que o rendimento do trabalho é muito mais elevado nas metrópoles estudadas, especialmente no sudeste. Tanto no nordeste quanto no sudeste, o rendimento do trabalho no meio rural apresenta valores inferiores aos do meio urbano. Os anos de idade das pessoas mostram-se relacionados positivamente com o rendimento do trabalho, até certo ponto no intervalo entre 52 e 58 anos, quando o rendimento do trabalho é máximo. Além desse limite, espera-se uma depreciação do estoque de capital humano acumulado pelo indivíduo. Finalmente, apesar das mulheres exibir escolaridade ligeiramente maior que os homens um ano a mais seu rendimento médio no trabalho corresponde a 75 por cento do pelos homens.