RESUMO
Com base nos conceitos psicanalíticos de repetição, elaboração e tempos lógicos, e de considerações da psicolingüística sobre o discurso narrativo, procuramos localizar, na análise de narrativas de ficção produzidas por crianças, indícios lingüísticos de dispersão discursiva e subjetividade. Tais indícios, se apontados para o narrador, marcam sua posição subjetiva e permitem a cessação da repetição e a elaboração. As narrativas analalisadas foram obtidas durante 12 sessões de um grupo para ouvir e contar histórias, além de serem gravadas e transcritas literalmente. Este grupo era composto por quatro crianças (5 a 6 anos) de ambos os sexos. A análise mostra que apontar para as crianças estas marcas permiti-lhes que vejam a disperção de seu discurso. então, poderão tentar cercar o sentido do discurso, trazendo em cadeia outras questões relacionadas ao que estavam dizendo. Fazendo isso, abrem a possibilidade de compreensão e conclusão (ou elaboração) a respeito do que insiste na existência, do que se repete em seu discurso, neste caso, em suas narrativas de ficção.