RESUMO
Resumo O enfrentamento à Covid-19 suscitou a necessidade da formação em Saúde Mental para profissionais da saúde, educação, proteção social e lideranças comunitárias que atuam junto aos povos indígenas. Em seus cotidianos, essas comunidades já convivem com questões que impactam a saúde mental e a espiritual, mas o sofrimento psíquico ficou ainda mais evidenciado no contexto pandêmico. O curso 'Bem viver: Saúde Mental Indígena', voltado para mitigar o impacto psicossocial da Covid-19 nas populações indígenas da Amazônia brasileira, exigiu estratégias inovadoras ante o desafio de ensino remoto nesse contexto de conectividade limitada e isolamento territorial. Os desenhos pedagógico e operacional do curso priorizaram o diálogo intercultural na elaboração dos conteúdos com uso de diversas ferramentas de ensino para superar barreiras de conectividade e de entendimento da língua portuguesa no formato escrito. Apesar do desafio da produção coletiva e intercultural, dada a diversidade étnica, o curso foi um espaço de produção e trocas entre profissionais de diferentes áreas e lideranças comunitárias, sempre buscando um olhar ampliado sobre as práticas de cuidado, apoio psicossocial e valorizando as formas de atenção à saúde utilizadas pelas comunidades.
Abstract The confrontation with COVID-19 raised the need for training in Mental Health for health, education, social protection and community leaders who work with indigenous peoples. In their daily lives, these communities already live with issues that impact mental and spiritual health, but psychological distress was even more evident in the pandemic context. The 'Well Living: Indigenous Mental Health' course, aimed at mitigating the psychosocial impact of COVID-19 on indigenous populations in the Brazilian Amazon, required innovative strategies in the face of the challenge of remote learning in this context of limited connectivity and territorial isolation. The pedagogical and operational design of the course prioritized intercultural dialogue in the development of content using various teaching tools to overcome barriers to connectivity and understanding of the Portuguese language in written format. Despite the challenge of collective and intercultural production, given the ethnic diversity, the course was a space for production and exchanges between professionals from different areas and community leaders, always seeking a broader look at care practices, psychosocial support and valuing ways of health care used by communities.
Resumen La lucha contra el Covid-19 planteó la necesidad de promover la capacitación en Salud Mental para los profesionales de salud, educación, protección social y líderes comunitarios que trabajan con pueblos indígenas. En su vida diaria, estas comunidades ya conviven con problemas que impactan la salud mental y espiritual, pero el sufrimiento psíquico fue aún más evidente en el contexto de la pandemia. El curso 'Bien Vivir: Salud Mental Indígena', dirigido a mitigar el impacto psicosocial del Covid-19 en las poblaciones indígenas de la Amazonía brasileña, requirió estrategias innovadoras ante el desafío del aprendizaje remoto en un contexto de conectividad limitada y aislamiento territorial. El diseño pedagógico y operacional del curso priorizó el diálogo intercultural en el desarrollo de contenidos, utilizando diversas herramientas didácticas para superar las barreras a la conectividad y comprensión del idioma portugués en formato escrito. A pesar del desafío de la producción colectiva e intercultural, dada la diversidad étnica, el curso fue un espacio de producción e intercambio entre profesionales de diferentes áreas y líderes comunitarios, buscando siempre una mirada más amplia a las prácticas asistenciales, al apoyo psicosocial y de valoración de las formas de atención a la salud utilizadas por las comunidades.
Assuntos
Humanos , Povos Indígenas , COVID-19 , Saúde Mental , Educação a DistânciaRESUMO
RESUMO A pandemia da Covid-19 tem evidenciado as profundas desigualdades da sociedade brasileira para o enfrentamento adequado dessa catástrofe sanitária. Este estudo buscou compreender as repercussões da Covid-19 nos povos indígenas brasileiros e a sua forma de organização no contexto de desigualdade social e vulnerabilidade. Realizou-se uma pesquisa qualitativa a partir da análise de lives. A busca foi feita via plataforma YouTube usando como descritores "coronavírus e indígena" e "covid e população indígena", totalizando 56 lives - que permitiram analisar diversos olhares para o enfrentamento da pandemia, sendo evidente que o ponto de partida para prevenção, vigilância, atenção em saúde e comunicação da Covid-19 entre os povos indígenas é totalmente diferente do resto da população. O protagonismo da sociedade civil indígena está sendo extremamente relevante para o enfrentamento da pandemia. A profunda desigualdade social e as múltiplas vulnerabilidades dos povos indígenas são realidades que devem ser entendidas para superar os enormes desafios produzidos, não somente pela Covid-19, mas fundamentalmente pelo atual contexto de invisibilização, desconhecimento e ataque às sociedades indígenas brasileiras. O controle social ficou muito fragilizado, e urge seu fortalecimento para criar um modelo de saúde diferenciado que realmente contemple os interesses e modos de vida desses povos.
ABSTRACT The COVID-19 pandemic has highlighted the deep inequalities of Brazilian society to address this health-related catastrophe. This study aimed to understand the repercussions of COVID-19 on Brazilian Indigenous peoples and how they organize in the context of social inequalities and vulnerabilities. Qualitative research was conducted based on the analysis of 'lives'. The search was performed on YouTube using descriptors "coronavirus and Indigenous" and "COVID and Indigenous population", totaling 56 live events, which allowed us to analyze different perspectives on the fight against the pandemic showing that the starting point for COVID-19 prevention, surveillance, health care, and communication among Indigenous peoples is different from the rest of the population. The leading role of the Indigenous civil society is highly relevant to the fight against the pandemic. The profound inequality and the multiple vulnerabilities of Indigenous peoples are realities that must be understood to overcome the enormous challenges produced not only by COVID-19 and, fundamentally, the current context of invisibility, ignorance, and attack on Brazilian Indigenous societies. Social control has been weakened, and its strengthening is urgent to create a differentiated health model that considers these people's interests and ways of life.