RESUMO
Para análise clínico-histopatológica da hipertensäo na gravidez, foram efetuadas biópsias renais no pós-parto, em 67 pacientes com síndromes hipertensivas da gestaçäo {doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) grave, DHEG associada, hipertensäo arterial crônica e nefropatia}. Os diagnósticos clínicos de DHEG, DHEG superposta e hipertensäo arterial crônica foram estabelecidos segundo os critérios emitidos pelo Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, em 1972, com algumas modificaçöes sugeridas pelo National High Blood Pressure Education Program Working. Os diagnósticos de nefropatias foram estabelecidos pelo serviço de nefrologia do Hospital das Clínicas da UFMG. O material foi examinado por dois patologistas, independentemente, e sem prévio conhecimento do diagnóstico clínico. A metodologia utilizada foi a microscopia óptica (MO) e as coloraçöes usadas para o estudo foram: hemotoxilina-eosina, ácido periódico de Schiff e prata metenamina. As pacientes com diagnóstico de DHEG pura e DHEG superposta compunham o grupo a ser estudado. As pacientes com hipertensäo arterial crônica e nefropatia sem sinais de DHEG foram utilizadas como controles. A comparaçäo entre diagnóstico clínico e histopatologia foi realizada na tentativa de confirmar o diagnóstico de endoteliose e, ainda, para corrigir erros diagnósticos, se porventura houvessem. A comparaçäo entre os resultados histopatológicos dos dois observadores visava validar o método de MO avaliando a sua confiabilidade. A MO apresentou alta sensibilidade (91,3 por cento) e alto valor de prediçäo positiva(84,0 por cento). Entretanto, näo revelou presença de doença renal em qualquer paciente previamente diagnosticada como DHEG ou DHEG superposta. A MO mostrou rim normal em 15,5 por cento. Outro dado interessante foi a associaçäo observada entre a multiparidade e o encontro de endoteliose sem outras lesöes renais. Concluindo: a biópsia renal é procedimento seguro para ser realizado no puerpério no estudo das síndromes hipertensivas na gestaçäo; o achado de endoteliose à MO é útil para confirmar o diagnóstico clínico de DHEG, mas näo para excluí-lo