RESUMO
O artigo tem como proposta discutir as práticas desenvolvidas no Laboratório gestáltico (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ) e no Laboratório PesquisarCOM (Universidade Federal Fluminense - UFF) a partir do que elas têm em comum e também de singular. Esses laboratórios compõem a formação acadêmica na psicologia através de uma certa ruptura com o saber hegemônico. Para conduzir essa discussão, nos reportaremos às práticas aqui entendidas não como subordinadas a uma teoria, mas sim no sentido proposto por Stengers, que enfatiza as relações e negociações realizadas no processo de fazer ciência. É também em Stengers que encontramos ressonâncias fundamentais para pensarmos uma direção: outra perspectiva para a noção de objetividade, a importância da escrita e da narrativa nos artigos e relatos de pesquisa e ainda a importância de acompanhar os modos de construção, os agenciamentos e negociações que emergem tanto do campo de pesquisa quanto das ações que realizamos no âmbito da formação acadêmica. Tais possibilidades nos permitem fazer com o outro e não sobre o outro, trazendo reflexões que nos deslocam de um pensamento mais tradicional para um espaço mais sensível, ampliando o campo do nosso fazer e produzindo novos efeitos na formação e práticas acadêmicas, como, por exemplo, a valorização da sensibilidade na constituição da psicologia como ciência.
The present article proposes to discuss the practices developed at the Gestaltic Laboratory (University of the State of Rio de Janeiro - UERJ) and at the PesquisaCOM Laboratory (University Federal Fluminense - UFF) considering what is peculiar and what is singular in each of them. These Laboratories composes the academic formation in psychology through acertain rupture with the hegemonic knowledge. To conduct this discussion, we will refer to the practices here understood not as subordinated to a theory, but as proposed by Stengers, in a way which emphasizes how relations and negotiations are conducted in the process of making Science. It is also in Stengers's work that we find fundamental resonance to thinkof a direction: another perspective for the notion of objectivity, the importance of the writing and of the narrative in articles and research reports, and the importance of following the mode of construction, the assemblings and the negotiations that emerge from both the research field as from the actions we perform in the academical education scope. These possibilities enable us to build within the other and not about the other, bringing reflections that move us from a more traditional thinking to a more sensitive space, expanding our operational field and producing new effects on the education and academic practices, such as the appreciation of sensibility in the constitution of psychology as a science.