RESUMO
Altos desempenhos esportivos demandam treinamentos pesados necessários ao estímulo adaptativo específico a cada esporte. A elevada carga de treino é geralmente acompanhada de discreta fadiga e reduções agudas no desempenho, mas caso acompanhada de períodos apropriados de recuperação, resulta em supercompensação metabólica ao treinamento, refletida como aumento na capacidade aeróbica e/ou força muscular. Visto como contínuo, os processos de intensificação do treinamento e o estresse relacionado à supercompensação, o aumento da sobrecarga ou do estresse poderá, em algum momento, acarretar a quebra da homeostase e a queda temporária da função (supra-alcance - OR ou supra-alcance funcional - FOR). Quando a sobrecarga excessiva de treinamento é combinada com recuperação inadequada há instalação do estado de supratreinamento (OT) ou supra-alcance não funcional (NFOR). O OT excede o OR, cujo pico é também o limiar do OT resultando em desadaptações fisiológicas e queda crônica do desempenho físico. A forma crônica de desadaptação fisiológica ao treinamento físico é chamada de síndrome do supertreinamento (OTS). A própria expressão da síndrome denota a etiologia multifatorial do estado e reconhece que o exercício não é necessariamente seu único fator causal. O diagnóstico de OTS é baseado na recuperação ou não do desempenho. Não há biomarcador objetivo para OTS. A distinção entre OTS e NFOR (supratreinamento extremo) é dependente de desfecho clínico e exclusão diagnóstica de doenças orgânicas, mais comuns na OTS. Também a diferença entre OR e OT é sutil e nenhum de seus marcadores bioquímicos pode ser universalizado. Não há evidências confirmatórias que OR evolui para OT ou que os sintomas de OT são piores dos que os de OR. Apenas pela fadiga aguda e queda de rendimento experimentada em sessões isoladas de treinamento, não é possível diferenciar presentemente os estados de OR e OT. Isto é devido, parcialmente, à variabilidade das respostas individuais ao treinamento e...
Sports top-level performance requires heavy training loads that provide a stimulus to sport-specific adaptation. Competitive training involving high workload is generally accompanied by minor fatigue and acute performance reduction, but when followed by appropriate recovery periods results in training-metabolic supercompensation reflected as increase in aerobic capacity and muscular strength. When the intensified training process leading to supercompensation and related-stress is seen as a continuum, the increased stress or overload might result in disruption of homeostasis and temporary decrease in function (overreaching - OR or functional overreaching - FOR). When excessive overload is combined with inadequate recovery, a state of overtraining (OT) or non-functional overreaching (NFOR) is installed. OT exceeds OR and the OR peak is also the OT threshold, resulting in stark physiological maladaptations and chronically reduced exercise performance. The chronic form of physiological maladaptation to training is called overtraining syndrome (OTS). The expression of the syndrome emphasizes the multifactorial etiology of the state and acknowledges that exercise (training) is not necessarily the sole causative factor. There is no objective biomarker for OTS besides the diagnosis based on performance recovery. Other distinctions between NFOR (extreme OT) and OTS depend on clinical outcome and exclusion diagnosis of organic diseases more common in OTS. Additionally, the difference between OR and OT is subtle and none of their biochemical markers should be considered universal. There is no evidence to confirm that OR will develop into OT or that OT symptoms are worse than those of OR. It is presently not possible to differentiate OR and OT states from the acute fatigue and decreased performance experienced from isolated training sessions. This situation is partially due to the variability of individual responses to training and to a lack of both diagnostic tools and ...