Perfil do traumatismo em dentes decíduos e permanentes de crianças e adolescentes atendidos no Centro de Vigilância e Monitoramento de Traumatismo Dento-alveolar da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro / Profile of dental trauma in primary and permanent teeth of children and adolescents attended at the Center for Surveillance and Monitoring of Dento-Alveolar Trauma of UFRJ

RESUMO

O trauma dental é considerado uma urgência odontológica de alta prevalência e um grave problema de saúde pública mundial, com alto impacto na qualidade de vida e de elevado custo no tratamento. Este estudo retrospectivo teve como objetivo avaliar o perfil dos traumatismos em dentes decíduos e permanentes de pacientes de 0 a 15 anos atendidas no Centro de Vigilância e Monitoramento de Traumatismos Dentários da UFRJ. Os dados sobre gênero, idade, tipo de trauma, dentes e tecidos mais afetado foram obtidos dos prontuários e após tabulação, foram analisados descritivamente e pelo teste do χ² (p < 0.05)sendo incluídos 333 dentestraumatizados, dos quais 70% eram decíduos e 30% permanentes. A média de idade das crianças com dentes decíduos e permanentes afetados foi de 3,35 ± 2,02 e 9,09 ± 2,44 anos, respectivamente. Indivíduos do gênero masculino tiveram mais dentes permanentes (64,4%) que decíduos (55,6%) traumatizados (p = 0.085). Os incisivos centrais superiores, tanto decíduos (68,9%), quanto permanentes (69,4%) foram os mais acometidos. Dentes decíduos apresentaram maior frequência (p < 0.001) de trauma em tecido de suporte (73,3%) e menor frequência em tecidos duros (40,7%) quando comparados aos permanentes (51,5% e 60,6%, respectivamente) (p = 0.001). O trauma mais frequente no tecido de suporte nos decíduos foi a subluxação (27,2%; p = 0.001) e nos permanentes, a luxação lateral (42,0%; p < 0.001). Nos tecidos duros, houve maior ocorrência de trauma em dentes permanentes do que em decíduos (p = 0.001), no entanto não foi observado diferença entre os tipos de dentes quando avaliados cada tipo de injúria independentemente (p > 0.005). Quando os dentes decíduos foram acometidos, houve maior frequência de trauma em mucosa gengival (31%; p = 0.022) e nos permanentes, lesões traumáticas no mento foram os mais prevalentes (20,8%; p = 0.009). Houve relato de recorrência de trauma em 26,3% das crianças com dentes decíduos e em 20,2% com permanentes traumatizados. Conclui-se que há diferenças importantes entre o perfil de traumatismo nos dentes decíduos e permanentes, assim sugerindo-se abordagem preventiva e terapêutica distinta para ambos os grupos avaliados.(AU)

ABSTRACT

Dental trauma is considered a highly prevalent dental emergency and a serious public health problem worldwide that has a great impact on quality of life and a high cost for treatment. This retrospective study aimed to evaluate the dental trauma profile in deciduous and permanent teeth from patients between 0 and 15 years old attended at UFRJ. The data regarding gender, age, classification of the trauma, teeth and more affected tissues were obtained from dental record. After tabulation, the data were analyzed descriptively and by the χ² test (p <0.05). Data from 333 traumatized teeth were included, of which 70% were deciduous and 30% were permanent. The mean age of children with primary and permanent affected teeth was 3.35 ± 2.02 and 9.09 ± 2.43 years, respectively. Male subjects presented more traumatized permanent teeth (64.4%) than primary ones (55.6%), (p = 0.085) The upper central incisors, both primary (68.9%) and permanent (69.4%) were the most affected. Primary teeth presented a higher frequency (p < 0.001) of supportive tissue trauma (73.3%) and lower frequency (p = 0.001) in hard tissues (40.7%) compared to permanent ones (51.5% and 60.6%, respectively). The most frequent trauma in the supportive tissue was the subluxation (27.2%; p= 0.001) and for permanent lateral luxation (42%; p < 0.001). In the hard tissues, permanente teeth presented higier prevalence of trauma than primary (p = 0.001), however there was not found statisticaal difference when each fracture injury was evaluated individually (p > 0.005). When the primary teeth were affected, there was a greater frequency of trauma in the gingival mucosa (31%; p = 0.022) and in the permanent ones, traumatic lesions in the chin were the most prevalent (20,8%; p = 0.009). There was a recurrence of trauma in 26.3% of the children with primary teeth and in 20.2% with traumatized permanents. It is concluded that there is a distinction between trauma profile in primary and permanent teeth, thus suggesting a distinct preventive and therapeutic approach for both groups evaluated.(AU)