A geografia do dengue no município do Rio de Janeiro: uma análise por geoprocessamento

RESUMO

Analisa a dinâmica espaço-temporal do dengue nas Regioes Administrativas do Município do Rio de Janeiro no período de 1986 a 1991 e suas relaçoes com o ambiente, através da utilizaçäo de um Sistema de Informaçäo Geográfica, o Sistema de Análise Geo-ambiental da UFRJ-SAGA/UFRJ. Foram analisadas as relaçoes espaciais entre as taxas de ataque de dengue na primeira alça epidêmica (04/86 a 08/86) e na quarta alça (11/90 a 06/91) e os seguintes parâmetros densidade demográfica, dados climatológicos, sócio-econômicos e de infra-estrutura urbana. Os parâmetros que apresentaram associaçäo territorial consistente com a ocorrência da doença foram proporçäo de populaçäo favelada, densidade demográfica, média das temperaturas máximas do mês do pico epidêmico, cobertura domiciliar de água encanada, de instalaçäo sanitária própria e de iluminaçäo elétrica. A partir das médias ponderadas associadas a esses parâmetros criou-se um modelo territorial de estimativa do risco de ocorrência de dengue, em uma escala ordinal. O modelo classificou corretamente cerca de 80 por cento das RAs para a alça epidêmica de 1991 e cerca de 65 por cento para a de 1986, quando comparado com as taxas de ataque respectivas. Cenários prospectivos foram gerados, a partir do modelo criado para a alça de 1991, através de melhoras simuladas dos parâmetros suscetíveis a intervençäo; o impacto mais significativo sobre o risco de dengue ocorreu com a diminuiçäo simulada da proporçäo de populaçäo favelada. A presente investigaçäo demonstrou que a utilizaçäo das técnicas de geoprocessamento no campo da Epidemiologia pode contribuir para a compreensäo da dinâmica espacial do dengue e suas relaçoes com o ambiente, podendo vir a construir um importante instrumento no planejamento de açoes eficientes de controle da doença.