Gestão estratégica das redes cooperativas de ciência, tecnologia e inovação em saúde: um modelo para o desenvolvimento socioeconômico e a sustentabilidade do SUS / Strategic management of cooperative networks of science, technology and innovation in health care: a model for socioeconomic development and sustainability of SUS

RESUMO

Nesta tese buscou-se identificar as possibilidades de um modelo integrado, comunicativo e estratégico para a gestão das atividades de produção de CT&I realizadas por redes cooperativas no Complexo Produtivo da Saúde (CPS). Para tanto, analisou-se o ambiente da Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde no Brasil, no perí-odo de 2002 até 2010, para identificar e debater os desafios para a consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (SNCTIS) e a superação da dependência externa de tecnologia do SUS, bem como avaliar experiências de gestão de CT&I em saúde que utilizam elementos de prospectiva e de análise de redes e discutir como a governança das redes de CT&I no CPS poderá ser suportada por um sistemático fluxo de informações estratégicas, potencializando-se a inteligência coletiva disponível na rede. O estudo foi desenvolvido no âmbito da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no período compreendido entre 2009 e 2012 e tem como objeto o uso de métodos e ferramentas sistêmicas que apoiaram a organização das ações e facilitaram a integração estratégica no campo da C&T em saúde. A metodologia valeu-se da como para uma abordagem qualitativa de inse nas experiências analisadas e de instrumentos de Análise de Redes Sociais (ARS). Como resultado obteve-se mapeamento da estrutura do SNCTIS com a identificação de desafios para sua consolidação e tornar mais participativa a governança das redes de CT&I. Foram identificados ainda requisitos para um sistema de informações estratégicas para as redes. Discutiu-se também como instrumentos de aprendizagem que facilitam o agir comunicativo na construção de visão de futuro compartilhada e como a técnica de cenários pode ser empregados nesse sistema. Assim, em contraponto à ideia de que crescimento econômico é sinônimo de desenvolvimento, discutiu-se a saúde como fator fundamental para o desenvolvimento, com o argumento de que a saúde é desenvolvimento. Ademais, o SUS universal, integral e acessível à população é um patrimônio popular a ser defendido dos interesses mercadológicos por meio da mobilização social, recomendada para a sustentabilidade SUS. Dessa forma, justifica-se a interação entre diferentes saberes em torno de códigos técnicos para gerar inovações. Para a interação sistemática de segmentos do CPS, sugere-se que os enfoques comunicativos e de negociação de compromissos possam ajudar na formação da cooperação e a criar consensos que auxiliariam na coordenação das interdependências e das ações. Essa interação se dá pela linguagem. O avanço das TICs, vistas como dinamizadoras da interação viabilizaram a utilização de uma plataforma digital como um espaço público no qual negociações para a cooperação possam ocorrer. A conclusão alcançada é de que o SNCTIS poderá ser impulsionado com a criação de uma plataforma digital na qual o acoplamento das redes dinamizará as conversações entre comunidades e favorecerá a troca de conhecimentos e o alinhamento estratégico da inteligência coletiva para a consolidação de objetivos comuns.