Abuso no curso médico e bem-estar subjetivo

ABSTRACT

O objetivo desta pesquisa é investigar a percepção de professores e estudantes sobre o abuso no curso médico e sua relação com o bem-estar subjetivo (BES). Um questionário anônimo auto-aplicável foi preenchido por 143 estudantes e 83 docentes numa universidade pública do estado do Rio de Janeiro. As propostas deste estudo são avaliar (1) as percepções de estudantes e docentes sobre abusos sofridos por estudantes de medicina; (2) os fatores que eles percebem estar levando a tais episódios; (3) a extensão na qual os estudantes de medicina se perceberam vítimas de abuso; (4) docentes se percebendo vítimas de abuso enquanto estudantes de medicina e agora, por parte de seus alunos; (5) a extensão na qual ambos os grupos já agiram de forma abusiva; (6) o nível de satisfação de estudantes e docentes com diversos aspectos das atividades de ensino e relações interpessoais; (7) níveis de BES entre docentes e estudantes que se perceberam autores de abuso; e (8) níveis de BES entre docentes e estudantes que se perceberam vitimas de abuso. Os dados foram analisados através de métodos quantitativos e qualitativos. Os resultados sublinham a necessidade de se identificar e ajudar estudantes e professores de medicina vulneráveis ao estresse; de mais atenção a essa questão e de ações dirigidas à prevenção de abusos na escola médica. O abuso a estudantes de medicina foi percebido de três formas diferentes a) não intencional ou percebido apenas pelos estudantes e não por seu autor; ou uma reação ao abuso por parte dos estudantes; b) um estímulo para que estudem mais; c) desnecessário e encoberto. Os abusos verbais (46.4 por cento) e institucionais (17.4 por cento) foram os mais freqüentemente experimentados ou conhecidos pelos estudantes de medicina. Parecem perceber o abuso institucional como o pior que poderiam sofrer...(AU)